Costura e Revolução: como os moldes revolucionaram o acesso à moda e contribuíram para a independência feminina ao redor do mundo
Quando você pensa em costura, qual a primeira imagem que lhe vem à mente?
Talvez a casa da sua mãe ou avó, uma máquina antiga (a famosa “pretinha”, modelo Singer 15C – que hoje serve como objeto decorativo em muitos lares), linhas, agulhas, tecidos… Aquela pequena e aconchegante bagunçinha que somente o ato de costurar traz.
De fato, a costura pode evocar muitas memórias e lembranças afetivas, além das inúmeras sensações positivas que sua prática proporciona, como alívio do estresse e ansiedade, estímulo à criatividade e aumento da capacidade de concentração, por exemplo.
Contudo, a verdade é que costurar também pode ser um ato revolucionário.
Durante décadas mulheres garantiram o sustento das suas famílias através da costura. Quantas de nós vimos nossas mães e avós diariamente cortando tecidos, atendendo clientes e por horas a fio sentadas em frente às suas máquinas, não é mesmo? Afinal, cada entrega realizada significava a garantia do alimento à mesa.
Mas você já parou para pensar quando foi que tudo isso começou?
Ao contrário do que muitas de nós pensamos, a relação entre costura e libertação feminina não é tão recente. Por isso, hoje vamos passear pelo século XIX para descobrirmos sua origem!
A invenção da máquina Singer e o nascimento dos primeiros moldes graduados
A construção da primeira máquina de costura Singer para uso doméstico , em 1851, foi o ponto de partida para que mulheres de todo o mundo pudessem costurar suas próprias peças de roupas de forma mais produtiva.
A ideia de criar uma máquina que facilitasse esse processo até já havia sido pensada e testada anteriormente, mas foi Issac Singer quem a patenteou e tornou-a acessível.
Assim, a praticidade obtida pela máquina de costura doméstica colaborou para a emancipação de mulheres em diversos países.

PIN IT Primeiros anúncios da Singer (Fonte:Pinterest)
Nesta mesma época, a alta-costura ainda era o ápice do sistema da moda, porém seu acesso se dava apenas a uma pequena parcela da população. Mas com a invenção da energia a vapor, iniciou-se a criação de peças prontas para vestir, dando-se início à massificação do vestuário feminino.
Entretanto, isso fez com que a preocupação com a elegância fosse estendida também às mulheres de classe média, as quais tentavam imitar os modelos da alta-costura com conhecimentos doméstico.
Tal desejo abriu as portas para a comercialização dos primeiros moldes graduados. Em 1860, Samuel Beeton, editor da revista inglesa The Englishwoman’s Domestic Magazine, passou a vender moldes em papel de vestidos femininos por reembolso postal. Isso facilitou às mulheres o acesso a peças de qualidade, personalizadas e criadas pelas suas próprias mãos.

PIN IT The Englishwoman’s Domestic Magazine (Fonte: British Library)
Já em 1863, nos Estados Unidos, o então alfaiate Ebenezer Butterick fez algo semelhante: a partir da dificuldade de sua esposa em modelar peças para seu filho, Ebenezer teve a ideia de criar moldes graduados para facilitar o processo, visto que naquela época os moldes eram apenas de um único tamanho.

PIN IT Revista Butterick (Fonte: Pinterest)
Foi então que nasceu o primeiro molde com graduação: uma camisa masculina. Seus moldes também passaram a ser vendidos e enviados por correspondência para consumidores, varejistas e distribuídos em bancas de jornais mundialmente.
A partir daí, houve uma verdadeira revolução na costura doméstica!
Posteriormente, diversas revistas passaram a comercializar este tipo de material, como Vogue, Burda e Manequim, no Brasil.

PIN IT Revistas Vogue, Burda e Manequim, respectivamente (Fonte: Pinterest)
Um convite ao retorno às nossas raízes
Hoje, infelizmente muitas mulheres deixaram nas gerações passadas o ato de costurar, seja por falta de conhecimento técnico ou incentivo externo.
Pensando nisso, a Dress Me Kindly te convida a embarcar em um resgate às nossas raízes, para voltar a vestir a si mesma com gentileza, respeitando seu tempo, seus processos, e exercendo suas habilidades criativas com suas próprias mãos.
Vamos juntas?
Conheça nossos moldes aqui e faça parte desta revolução!
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Referências:
Stevendon, NJ. Cronologia da moda: de Maria Antonieta a Alexander McQueen. Rio de Janeiro: Zahar, 2012.